Otávio Roth é um artista múltiplo. Professor, gravador, desenhista, fabricante de papel. Ele transformou o ato de fazer papel na própria palheta e na estrutura de sua obra. Não existe o suporte e a obra, mas um só objeto. É um dos pioneiros brasileiros da invenção do papel de artista e foi um de seus mais destacados divulgadores. As suas imagens estão próximas do humor e ele discursa sobre a estrutura da linguagem e faz, igualmente, um diário dos acontecimentos íntimos e que lhe tocaram a sensibilidade. É uma obra de marcado acento pessoal e de invenção permanente. O papel é objeto fascinante, calendário, jornal, roupa, embalagem, carta, romance, fita de computação, documento, registro, cheque, propriedade, história. E a ação de Otávio Roth centrou-se neste símbolo de época e o transformou, à sua maneira discreta, no diário de bordo de um artista intimista e alegre. Uma vivência paradoxal e bela.
Jacob Klintowitz: O ofício da arte: a pintura. Abram Szajman. São Paulo, SESC, 1987.